segunda-feira, 3 de novembro de 2014

[leituras] O Estilete Assassino


Título: O Estilete Assassino
Autor: Ken Follet
Páginas: 383
Ano: 1978


Poucos são os meus amigos que lêem por isso tenho de os preservar com carinho que às vezes dão um jeito desgraçado, seja para comentar livros ou para dar sugestões.

Desta vez foi exactamente isso: uma amiga minha sugeriu-me um Ken Follett. Eu acedi, tanto que dizem que o homem é genial e os livros são tão bons que me decidi a ver como era aquilo.

O Estilete Assassino foi o livro recomendado e lá comecei eu a ler. Passa-se durante a segunda guerra mundial, com os preparativos alemães e ingleses para o dia D. Há espiões dos dois lados, há estratégia a ser delineada dos dois lados e acompanhamos em especial um espião alemão, o melhor espião, o único em quem Hitler confiava. Descobre que algumas das informações que os alemães recolheram foram forjadas e o destino da guerra pode estar exactamente nas decisões tomadas a partir disso. O que temos no livro é esse dito espião, Die Nadel, ou o Assassino do estilete, a tentar entregar as informações à sua pátria que tanto precisava delas. Sinceramente, não há mais nada.

A história era resumível num conto de 10 paginas, no máximo. Fez-me imensa confusão que um livro de 400 páginas tivesse tão pouca coisa quando espremido. Ok, eu estou mal habituada e gosto de livros "densos" mas isto pareceu-me demasiado leve. Além disso, mais um ponto que me desagradou foi a escrita: que coisa tão banal! Não tem qualquer beleza literária, não tem nenhum tipo de escrita. São palavras juntas em frases, da forma mais banal e aborrecida que possa haver.

Não vou dizer que o livro e péssimo e que o autor não sabe escrever, até porque foi o primeiro livro que li dele, mas não  é autor que me fascine e provavelmente não terei grande vontade de pegar noutro livro dele tão cedo.

Comentando com a dita amiga que mo sugeriu o que tinha achado do livro ela disse algo que poderá ser o que se passou aqui: não é um livro denso, é bastante levezinho, e é mais por aí que as pessoas gostam disto. Livros leves, lêem-se bem, as pessoas percebem tudo, e tendo mais coisas ficavam "mais cansativos". São gostos.

Eu raramente gosto de livros que estão muito em voga e aqui lembrei-me porquê: muitas das pessoas que lêem não querem grandes enredos, coisas densas e que as vezes até são desafiantes de ler. Querem pegar num livro, não demorar muito a ler, perceber a historia toda sem grandes problemas, tudo tem de estar bem lá escrito, e a parte de beleza literária poucos são os que se importam. Livros comerciais, escritos quase mecanicamente. Meia dúzia de pontos principais que tem de ser cumpridos e depois saem uns cinco calhamaços por ano, para grande contentamento dos leitores e das editoras que metem tudo ao bolso.

Este e um caso desses. Follett não me convenceu, não me fascinou de maneira nenhuma e é meramente uma leitura banalíssima boa para quem quer passar um bocado a ler mas não se importa muito com o que seja.

2 comentários:

  1. Concordo com algumas coisas que disseste.
    No entanto, deixa-me escrever sobre outras a que não deste importância ou sobre as quais não pensaste:

    -O autor não apostou muito na densidade da história do livro, okay, mas, por outro lado, caracterizou bastante as personagens e foi fazendo-o de uma forma pouco percetível, de tal maneira que, ao longo da leitura, nem nos vamos apercebendo de que estamos a criar ligações com elas e já conhecemos a sua personalidade.
    -Será que só os livros densos são bons? Há vários clássicos da literatura que são levezinhos. Eu sou da opinião de que o escritor tem de fazer escolhas e optar por aquilo a que quer dar mais destaque no seu livro. A meu ver, o Follett optou por fazer com que qualquer pessoa, independentemente de conhecer ou não os detalhes do episódio histórico que retratou, fosse capaz de entender tudo. Para isso, foi contextualizando sempre tudo de uma forma clara, nada confusa e "leve".
    - Por fim, acho que as pessoas que gostam de um livro que seja pouco denso podem também gostar de outros que sejam "pesados" e que esse gosto nada tem a ver com essa densidade mas apenas com o livro em si, ou com aspetos específicos. Pelo menos quero acreditar nisso e não no facilitismo relacionado com a leitura de que falas...

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    1. Ok, aquilo que dizes até certo ponto faz todo o sentido:

      1. as personagens estão relativamente bem caracterizadas, concordo contigo que há personagens que até conseguem mostrar que são porreiras, gostei do espião e lá da mulher da ilha que não me lembro o nome. Mas ainda assim não estão mega bem caracterizadas, mas para o livro que é e para a relevância que têm acho que estão bem feitas.

      . Eu não digo que precises de um livro mega denso para ser bom, eu gosto de livros levezinhos mas têm de ter mais alguma coisa para me prender. Por exemplo, um livro que achei bastante bom foi o Lavínia, da LeGuin, que de história não tem grande coisa, não é, de todo, um livro denso. Mas a escrita daquela mulher deixa-te envolvida, é puramente bonita, cativante. Aqui não tens nada disso, a história é fraca e a escrita é absolutamente banal e esse último ponto para mim ainda acaba por ser o pior.

      3. Não digo que toooda a gente que goste de Ken Follet são leitores-hipster mas a maior parte é. Se fores a ver o público alvo deste tipo de livros não é exactamente os leitores mais acérrimos, são aquelas pessoas que vão ao supermercado e vêem as ilhas principais que lá têm. Não digo que tudo o que está nessas ilhas é mau, longe disso, mas muitas são propositadamente escritas para agradar a massas, nada mais. Mas claro que é perfeitamente legítimo gostar do tipo de escrita e/ou história deste autor, mesmo sendo um bookworm agarrado - tipo tu xD - mas na maioria é daqueles livros que fica bem dizer que estás a ler.

      (we need to do more of this! xD)

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