segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

[leituras] O Diário de Jack o Estripador



TítuloO Diário de Jack o Estripador
Autor: Shirley Harrison
Páginas: 315
Ano: 1994

Eu tenho um fascínio interno por serial killers. Acho-os seres fascinantes, aquelas cabeças as vezes geniais e loucas conseguem lembrar-se das coisas mais horríveis e muitas das vezes sem que haja sequer pistas do que se anda a passar.

Tenho pelo menos mais dois livros sobre este assunto, esses mais em género enciclopédia. Este que acabei agora de ler é sobre um só, e logo dos mais conhecidos: Jack, o Estripador!

Nunca ninguém foi condenado pelos crimes que foram cometidos embora houvesse vários suspeitos e alguns com provas razoavelmente legitimas. Mas na realidade a identidade do autor de crimes tão atrozes nunca ficou definida. Os crimes em cima da mesa são essencialmente cinco: cinco prostitutas mortas, mais ou menos esventradas , com indícios de terem sido atacadas pelo mesmo homem. 

Em 1992 chegou a mãos mais direccionadas a publicação este diário que aqui é analisado e interpretado por vários especialistas. Tudo indicaria que se tratasse do verdadeiro Diário de Jack o Estripador mas como é óbvio muito teria de ser dito antes de sequer pormos essa possibilidade como muito certa!

Foi submetido a várias testes, desde testes à tinta usada, ao papel usado, ao tipo de letra, ao tipo de discurso, inúmeros parâmetros que juntos nos dão uma aproximação bastante legítima que indica que este poderá realmente ser o Diário do verdadeiro e único Jack. Entenda-se que estes testes não nos podem dizer com 100% de certeza que assim é, apenas nos dizem que os tempos estão certos, a mente conturbada a escrever o diário tem as mesmas características que a mente conturbada que matou aquelas mulheres e por aí em diante.

Este livro na sua grande maioria é composto por dados históricos sobre este caso acompanhado e complementado com informações contidas no diário. Só as últimas 80 páginas, mais ou menos é que são fac simile do diário e depois a "tradução" para conseguirmos ler todas as passagens.

A acreditarmos que o que nos é apresentado é parte da realidade então podemos associar dois dos casos famosos, na época, no mesmo homem. James Maybrick, cujo nome é conhecido pelo grande processo que envolveu a sua morte, com as suspeitas de que a mulher o teria envenenado - embora a história completa tenha muito mais meandros do que foi dado a parecer na altura - e que afinal escondia a sua faceta mais negra, também conhecida como Jack.

Maybrick era viciado em arsénico, tomava doses diárias imensas, tinha dois filhos que amava imenso, uma mulher adúltera e gostava de matar prostitutas. Dá a entender que de alguma maneira sente que é uma missão que tem de cumprir, "matar todas as putas" e ao mesmo tempo retira uma satisfação ridícula do que faz. Em várias passagens ficamos com a noção de que grande parte daquilo que fez foi em resposta à traição da mulher, que tratava da mesma forma que as vítimas.

O certo é que começou a 31 de Agosto de 1888 com Mary Ann "Polly" Nichols e para começo sentiu-se pouco satisfeito. Cortou-lhe o pescoço com uma faca, enterrou a faca até sentir o osso mas ainda assim não lhe conseguiu arrancar a cabeça - tristeza que acabou por levar para a cova porque não o chegou a fazer, mas o desejo de decapitar uma vítima e levar a cabeça com ele acompanha todos os ataques. Mas nesta ficou por aqui. Na segunda já a conversa foi diferente, havia mais que fazer, não podia pura e simplesmente matá-la sem mais nada. Assim a 8 de Setembro atacou Annie Chapman e não só lhe cortou a garganta com uma faca como a abriu, tirou o útero e levou-o com ele.

Começava aqui a parte mais horrível destes crimes: a maneira como a vítima era tratada. No terceiro ataque as coisas não correram de jeito: houve quem interferisse  e com isso não conseguiu estripar Elizabeth Stride como quereria e então fez um segundo ataque na mesma noite. Catharine Eddowes foi a segunda atacada da noite e com menos sorte que a primeira se tivermos em conta que Maybrick já tinha mais tempo disponível e portanto conseguiu cortar várias partes do corpo como nariz, orelhas, pálpebras, estrangulou-a, cortou-lhe a garganta, abriu-a a mais uma vez se divertiu com as entranhas: rasgou e cortou intestinos, útero e tudo quanto lhe aparecesse à frente.

Mas a "obra de arte" deste homem foi a última vítima, Mary Jane Kelly. A 9 de Novembro, Mary Jane precisava de dinheiro. Infelizmente o cliente que lhe calhou tinha outros planos para aquela noite. Subindo para o quarto que esta possuía deu início à maior barbaridade que se conseguiu lembrar. A polícia quando deu com o local não podia acreditar, e muito menos imaginar - o que terão sido os momentos passados naquele pequeno espaço. Mary Jane tinha sido completamente aberta e várias partes do seu corpo estavam espalhadas por todo o quarto.

As fotos existentes na altura são de fraca qualidade e por muito mórbido que possa ser tenho alguma pena. O que existe é suficiente para perceber as atrocidades que foram  tidas naquele quarto mas não acredito que fiquemos a perceber a dimensão de todo aquele cenário. A pobre moça foi cortada desde a cabeça até aos pés, os órgãos foram espalhados e colocados em sítios diferentes do corpo. Nem desta vez conseguiu tirar a cabeça e isso foi uma falha que acreditando no diário levou para a cova.

É horrível pensar que uma pessoa aparentemente normal tenha tido estes comportamentos. É impossível de pensar o que terão passado as 5 mulheres que foram vítimas deste homem. E ainda assim consigo achar fascinante a capacidade que as pessoas têm de esconder as suas atrocidades mais profundas atrás de uma imagem neutra. O prazer desmedido que tiram de situações horríveis como esta. São mentes claramente perturbadas mas não são também geniais? Parecendo que não - e sem contar com este diário - ninguém sabe ao certo quem foi Jack o Estripador. Ninguém consegue dizer se as cartas enviadas à polícia eram ou não do mesmo homem. James Maybrick parece ser realmente o homem que tão procurado foi mas só ao fim de mais de 100 anos chegámos a este nome. Não deixa de ser curioso!










3 comentários:

  1. Esse livro soa tão creepy mas tão interessante...

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    1. Numa das vezes que me pedires um livro hás de ler, é horrível porque consegues estar um pouco dentro da cabeça dele. E ele era muito estranho. Mas também é fascinante. É aquela dicotomia que temos com o Hannibal, não tão awesome mas mais, por ser real!

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