domingo, 11 de janeiro de 2015

Primeiro olhar ...

(Que título mais maricas mas para este caso cai bem!)

Há não muito tempo li qualquer coisa sobre aqueles livros que temos que ainda têm as páginas por cortar e se não me engano até foi qualquer coisa do David Soares.

Há um prazer interessante nesse acto de cortar aquelas páginas, separá-las pela primeira vez, sabermos sem qualquer margem de dúvida que somos os primeiros a ler aquele livro em específico. Por mal que soe a alguns: A primeira vez daquele livro é completamente nossa!

E não sei bem porque é que isso dá uma satisfação tão grande mas eu sei que dá! Não é a satisfação de ler um livro pela primeira vez, essa é diferente. É mesmo a sensação de sermos os primeiros olhos que vêm aquelas palavras, aquela tinta naquele papel. Não sei se é algum tipo de sentido de posse, como se a nossa marca ficasse ali para sempre por termos sido os primeiros mas o certo é que se nota e já senti várias vezes essa sensação.

Sou bastante possessiva com os meus livros, são meus e é para serem bem tratados como se de porcelana se tratasse. Não gosto que se escreva neles, que se dobrem as lombadas sem dó nem piedade, que se dobrem cantos de página para os marcar então dá-me vontade de bater em alguém.

Mas de vez em quando há uma pequena magia que acontece: compro um livro, geralmente de ar gasto e antigo que quando o vou a ler ainda tem páginas por abrir. A última vez que me aconteceu isto foi com a antologia em tempos havia os bois que nunca esperaria que estivesse tão pura. No sítio onde o encontrei, aos anos que tinha e ninguém lhe tinha pegado!

Portanto sim, é mais um motivo para continuar a ir aos alfarrabistas, nunca se sabe quando se encontram estes pequenos prazeres. Porque comprar um livro novo, escolher aquele que está lá no meio sem nenhuma marca ou risquinho e sentir que somos os primeiros a folhear dá um grande gozo mas quando é um livro antigo, pensar nas mãos que já o devem ter percorrido e no fim disso tudo ainda somos nós quem tem o privilégio de o ler pela primeira vez... Ah, pequenos prazeres da vida...

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