segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

[leituras] Nos Limites do Infinito

Título: Nos Limites do Infinito
Autores: Ana Cristina Luiz, Ângelo Teodoro, João Rogaciano, Ricardo Dias, Rui Bastos, Yves Robert
Páginas: 56
Ano: 2015

O ano passado o primeiro livro do ano foi o 1984. Lembrou-me bem porque aproveitei a entrada em 2015 para pegar num dos livros que mais curiosidade tinha e que tinha tanto potencial para ser dos melhores livros que já tinha lido.

Este ano o critério foi diferente. Dia 19 de Dezembro fui ao lançamento do primeiro livro com um conto do meu namorado. É um livro pequenino mas com contos que tinham bastante potencial e que me mantinham na curiosidade. Que melhor maneira para começar o novo ano do que com um livro de alguém próximo?

E então lá li isto, e o livro tem contos interessantes, cada um com pontos fortes e fracos, e claro com alguns a conquistarem-me mais do que outros.

Primeiro as senhoras e Ana Cristina Luiz tinha-me deixado muito curiosa durante as apresentações. O conto Sorte ao Jogo é interessante, gostei imenso do ambiente criado, das descrições da taberna, da maneira como consegui visualizar realmente o espaço com todos aqueles retoques característicos. A história em si não é muito original, como já tinha noção pelo que foi sendo dito, mas ainda assim consegue ser engraçada. Achei que a escrita ainda tem algum caminho a ser percorrido, que podia ser mais cativante. De qualquer das formas, gostei do conto e como ponto forte destacaria mesmo a autenticidade do ambiente.

Depois Ângelo Teodoro, com a Pele de Penélope. Tinha ficado interessada com a justificação do título nas apresentações: seguindo o título da antologia e pensando no ser humano como alo infinito, a sua pele seria o seu limite! Esta ideia ficou-me na cabeça e realmente é bem apanhada. Acabei por ficar com pena que o conto não tenha nada a ver com isso. O conto em si até que é interessante, diferente e com uma ideia curiosa, não fiquei foi muito fã da escrita: bem trabalhada, bem pensada, mas com algumas comparações "literárias" que não encaixam no seguimento do que é contado e que não fazem falta à história. De qualquer das formas também gostei.

De seguido João Rogaciano, com Memórias de Teddy, e este foi dos contos que mais curiosidade tinha. Uma história sobre um verdadeiro Teddy, com pedigree e certificado, impecável. A história à lá Chuck, ou mais Anabelle até, é bem engraçada, é o tipo de história que gosto de ler. Talvez gostasse que a revelação bombástica fosse um bocadinho menos previsível, mas esta maneira de ir contando aos poucos e deixar na expectativa o ser ou não ser também funciona muito bem.

Ricardo Dias não esteve nas apresentações e portanto o conto dele era o que tinha menos de informação, ia completamente às cegas. E bolas, eu gostava de ter escrito isto! Um fantasma que aproveita a eternidade para ler finalmente a sua biblioteca? My kind of ghost! Gostei bastante da história, gostei da maneira como é contada embora me interessasse muito mais ler sobre aquele fim do que sobre o corpo da história...

Yves Robert traz-nos Entre Estações, um conto interessante, que me surpreendeu pela positiva e que me foi surpreendendo ao longo da leitura. Aqui, um bocadinho ao contrário do primeiro conto do livro, acho que faltou um bocadinho de autenticidade nas descrições. Consegui ver tudo o que deveria, espero eu, mas soava um bocadinho forçado. E este é um conto muito visual, por isso acaba por influenciar. De qualquer das formas é um conto muito interessante e gostei imenso do que foi feito com a ideia.

Rui Bastos é um autor que não suporto. É irritante, arrogante, não escreve nada de jeito e tem a mania.

Primeiro: é meu namorado e a minha opinião pode ser um bocadinho parcial. Segundo: mesmo sendo meu namorado já estou muito habituada a ler as coisas dele e a criticá-las, para o bem e para o mal. Terceiro: toda aquela descrição acima é mentira mas mais valia ser verdade para ele não se encher muito de vaidade, vá. O certo é que o conto dele já eu conhecia bem. Eu vi isto sem estar escrito, quando me foi contada a ideia. Vi o primeiro esboço disto, e vi umas poucas versões até chegar a esta. Acabei por ver uma evolução neste conto como poucos terão visto. E o que é fantástico é que desde que ele me contou a ideia base, de ter uma colina que piscava um olho, eu fiquei curiosa. A maneira como ele dizia aquilo tinha por ali mais qualquer coisa a maquinar. O certo é que estava longe de pensar que ficaria assim, longe de pensar que acabaria com uma muito mais que aranha a contar esta história. O conto ficou bom, a escrita não fica atrás - como é hábito, a história ficou original e cativante, e eu gosto imenso do resultado final.

Este é um passo para se afirmar como Esperança, não o seu eu feminino - que eu saiba - mas como um jovem autor que está a fazer o caminho certo para ser mais do que "mais um".

Não quero com isto minimizar qualquer dos outros contos, até porque como já disse alguns deles vão ficar certamente na minha memória e procurarei mais coisas dos autores, mas pronto, este moço tinha de ter um bocadinho de destaque, mas só desta vez.

Parabéns à Editorial Divergência, este livro é interessante, foi uma boa aposta nos autores, como tem sido, a edição é bastante bonita e espero pelas próximas edições que de certeza terão tanto trabalho e empenho como este que acabei de ler, seja pelo(s) autor(es), seja pela equipa de edição.

2 comentários:

  1. Ah! É isso! Se alguma vez virar transformista o meu nome será Esperança!

    Falando a sério, se te consegui surpreender ligeiramente com o conto, considero-o um caso de sucesso, sem tirar nem pôr. Obrigado Jules!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É um sucesso sim senhor, e não sou a única a dizê-lo, para não soar tão biased :)

      Eliminar